sábado, janeiro 04, 2014

SONETO A ORFEU II

ASSIM como ao mestre a folha às vezes
à pressa mais à mão arranca o traço
verdadeiro: assim muitas vezes espelhos tomam
em si o sorriso santo e único das virgens,
      
quando elas, a sós, poem a manhã à prova,
ou no esplendor das luzes serviçais.
E no respirar das faces autênticas
mais tarde, cai um reflexo apenas.
     
O que não viram olhos no longo amortecer
fuliginoso do fogo das chaminés !:
olhares da vida, perdidos para sempre.
     
Ai! da Terra quem conhece as perdas?
Só quem em tom contudo de louvor
cantasse o coração, nascido para o Todo.
     
                       (Série II, nº II,)

                 RAINER MARIA RILKE

2 comentários:

  1. Olá, boa tarde.
    Cheguei até este blog p'lo da amiga "Gata Coquette".
    Estive a ler alguns textos. Penso que mais que uma pessoa escreve neste cantinho.
    Desejo bom Ano e boas escritas.
    (Alice)

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  2. Bonsoir Manuel
    Et bonne année 2014 .
    Amicalement Mamé

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